quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O que é o EBU para mim.

Um dia cheguei à conclusão que a integridade e o discernimento não são tanto uma questão de acertar nas escolhas que faço, uma questão de fazer bem, mas, mais que isso, é estar nelas de corpo inteiro, de alma e coração, ser consequente. É responder (dando o corpo ao manifesto) pelas opções que tomei. No fundo, ser responsável.
Manter-me responsável quando não acertei permite-me aprender duas lições valiosas:
1º Em princípio, não me volto a enganar numa situação semelhante.
2º E, mais importante, aprendo que há decisões na vida com graus de importância diferentes e que as importantes não as devo tomar de ânimo leve.

Se antigamente a conduta de uma pessoa era muito determinada pela tradição, pelos costumes da sua geografia, família ou meio social, hoje em dia, o conhecimento local, empírico, autóctone e testemunhado pode ser quase na íntegra "afogado" pelo acesso a um oceano de conhecimento global, teórico e abstracto, veiculado tanto pela TV, cinema e rádio como pela Internet.

Em Portugal (e o mesmo se deve passar em qualquer país), nunca como hoje se viu tantas culturas importadas, umas mais integrais do que outras, e assimiladas com maior ou menor profundidade (apenas ao nível da imagem ou mesmo como critérios de acção e comportamento). Alguns exemplos de culturas, movimentos ou espiritualidades: Hippie, Punk, Reggae, Hip Hop, Vegan, Budismo, Islamismo, etc.

Se por um lado o acesso ao conhecimento permite um enquadramento/ distanciamento e questionamento em relação à nossa cultura ou aos vícios e rigidez que podem existir nas tradições, por outro lado facilita a adesão cega por parte de quem se sinta desencantado, por qualquer razão, com a sua circunstância ou consigo mesmo e queira apenas "fugir".
É que há uma maior facilidade e predisposição para entender o que está longe do que aquilo em que estamos completamente envolvidos (especialmente se pudermos usar o termo "atolados").

Com a globalização há o risco de não nos envolvermos de alma e coração nas nossas escolhas, de relativizar, de num momento termos um critério e no momento seguinte escolhermos outro diferente (à medida da nossa subjectividade), mas há também uma grande oportunidade, a de fazer as escolhas com maior liberdade dado o maior número de opções e meios de conhecimento, se para isso existir um esforço de reflexão e ponderação.

Para mim o EBU é um espaço onde se faz esse esforço de reflexão e ponderação. Sobre os assuntos, não só, mais evidentes, graves ou específicos, como também, os mais subtis, da vida.

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